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Um velho novo recomeço?

Um blog, um desabafo, um manifesto. Uma nova maneira de me relacionar com o Digital.

INSPIRAÇÃO

Renato Crovella

6/19/20243 min ler

Uma vez eu ouvi de uma pessoa muito sábia (não me lembro quem, provavelmente um personagem de filme) que quando não sabemos mais para onde queremos ir, o melhor direcionamento que podemos dar para a nossa jornada é o de retorno às nossas origens. Foi esse pensamento que me fez trocar a vida na Europa pela rotina "agitada" de São Paulo.

A princípio, vim apenas rever a minha família e amigos enquanto esperava a virada do ano (inverno na Europa, época de baixa de ofertas de emprego). Eu já não aguentava mais Galway (Irlanda) e o meu recomeço em Milão (Itália) não rendeu frutos a tempo (só quando eu já estava no Brasil é que eu fui chamado para duas entrevistas lá). Vim de peito aberto, com a certeza de que seria temporário e me daria as respostas que eu precisava para seguir em frente (seja lá pra onde). Afinal, mesmo não sendo uma pessoa religiosa ou que tenha muita espiritualidade, eu realmente sentia fortemente que o meu retorno a São Paulo era inevitável.

Não sei se você já teve o privilégio de realizar o grande sonho da sua vida (como eu tive), aquele que você jura que nunca vai alcançar, sabe? Bom, vou descrever o que acontece a partir do momento em que você consegue esse feito: sua vida perde um pouco o sentido. Digo "um pouco" porque ao mesmo tempo em que você sente que tem um poder absurdo de realizar qualquer coisa e enfrentar qualquer adversidade, você não sabe mais o que fazer com esse poder. Você olha para aquela lista de "coisas que eu quero fazer antes dos X anos" e começa a "dar check" item por item. E no quarto ou quinto item você abandona a lista porque percebe que essas "conquistas" não têm a menor graça. Qualquer obrigação perde o sentido quando não há mais um objetivo maior por trás. Se o destino estava me chamando de volta para São Paulo, tudo bem. Afinal, mais do que nunca minhas portas estavam abertas para ir embora quando eu quisesse.

Meu primeiro momento em São Paulo foi ao mesmo tempo mágico e assustador. Mágico por que eu vivi cenas icônicas de final de seriado/filme, com muitas celebrações, reencontros emocionantes, perdão, encerramentos de ciclos... Chegou ao ponto de, depois de um certo dia incrível que eu tive, eu passar a noite toda chorando por perceber que todas as "pontas soltas" da minha vida finalmente tiveram um desfecho. Nem na época em que eu fazia terapia eu tinha conseguido dar um encerramento tão satisfatório para as minhas grandes questões e me assustou muito ter essa "percepção". A história que eu vinha escrevendo desde que eu me conheço por gente finalmente teve um final feliz (e na minha cabeça, isso só poderia significar uma coisa... Você sabe o que eu quero dizer, né? Não vou pesar o texto explicitando isso).

Mais assustador ainda do que perceber que a história da minha vida tinha chegado ao fim, foi continuar "escrevendo". Me senti como se eu fosse um daqueles roteiristas de série que deveria ter encerrado a história na terceira temporada, com o clímax perfeito, mas insistiram em esticar a história para uma quarta, depois uma quinta, uma sexta... E aí quando finalmente decidiram, na sétima temporada, que a história já não tinha mais o que render: também já não tinha mais ninguém assistindo. Ninguém se interessava mais pela história que perdeu o rumo, descaracterizou seus personagens queridos e virou uma mesmice.

A primeira metade dessa minha "quarta temporada" foi um tanto quanto perdida, confusa. Sei que quem seguiu acompanhando essa história também não entendeu nada, mas eu estou me esforçando para contar a melhor e mais real história possível.

E já que os que estão perdidos sempre voltam às origens, porque não voltar aos tempos de "blogueiro", nos quais eu escrevia textos bem pessoais e os publicava na internet para me arrepender e querer apagar dois dias depois? Se você não é dessa época, posso provar que ela existiu: https://www.linkedin.com/pulse/perspectiva-renato-crovella-leiva/?trackingId=dRrhkJlWT%2B%2BkdvIad09RrQ%3D%3D] (tentei achar o link do meu Tumblr com mais textos publicados, mas infelizmente ele foi derrubado e não está mais no ar. Ele se chamava Apenas um Sonhador)

Se você se identificou com esse texto e o leu acreditando que eu teria uma resposta para "o que vem depois de realizar o seu maior sonho", aqui vai a minha singela contribuição: uma fase de muita confusão. Não estou com pressa para me comprometer com uma nova grande saga e apesar desse estranhamento diário com o meu "velho eu", a experiência de estar novamente próximo das pessoas que eu amo e que mais me importam tem me feito muito bem. Não sou nenhum grande sábio, mas eu fecharia esse texto dizendo que:

A sua grandeza vai te ensinar o quanto é bom ser pequeno de novo.